Economia

Mel falso, adulterado ou fraudado: saiba quais os riscos, como identificar e denunciar

Por Portal NC

12/11/2022 às 09:34:22 - Atualizado há
Fraudes podem ocorrer de forma direta ao turbinar o mel com açúcar, glucose e frutose de milho. E também de modo indireto, misturando com outro mel. Mel considerado puro é um alimento natural que não passou por adição de nenhum produto

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Você sabia que o mel fraudado pode ser tóxico e causar riscos à saúde? O mel considerado puro é um alimento natural que não passou por adição de nenhum produto, por processo de aquecimento ou filtragem.

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Uma pesquisa divulgada no "Journal of Food Science" coloca a iguaria na lista de alimentos mais vulneráveis à adulteração.

A alta demanda do mercado e o preço relativamente alto transformaram o mel em um produto visado por falsificadores, de acordo com o engenheiro agrônomo Rodrigo Durieux da Cunha, chefe da Divisão de Estudos Apícolas da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) de Santa Catarina.

"Entre as irregularidades mais praticadas estão acréscimo de aditivos proibidos e rotulagem incorreta", disse.

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O g1 ouviu especialistas que trabalham com o setor para levantar 5 pontos sobre o mel falso envolvendo os riscos, cuidados com as adulterações e meios para denunciar.

Nesta reportagem, você vai ver:

1. De quais formas as fraudes podem ocorrer?

2. Como reconhecer a falsificação do mel? Faça o teste

3. O que verificar na hora da compra

4. Quais são as punições para quem falsifica?

5. Como denunciar

1. De quais formas as fraudes podem ocorrer?

Direta: turbinar o mel com açúcar, glucose e frutose de milho;

Indireta: envolvendo a alimentação de abelhas;

Misturada: adicionando mel de diferentes qualidades e preços diferenciados no mercado.

“Para ser comercializado o mel precisa obrigatoriamente ser proveniente de estabelecimentos que têm serviços de inspeção com padrões de identidade, qualidade, que garantem autenticidade e segurança do produto”, afirma Ana Carolina Costa, que é professora do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

É expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivos no mel, segundo a instrução normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As regras definidas pelo não se aplicam para mel industrial e mel utilizado com ingrediente em outros alimentos.

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O mel pode ser consumido como adoçante e como medicamento devido ao impacto terapêutico.

Segundo o "Journal of Food Science", o consumo do mel adulterado aumenta o açúcar no sangue, o que pode causar diabetes, obesidade e pressão alta. O órgão mais afetado é o fígado, seguido por rim, coração e cérebro.

Mel

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Para Daniel Cavalcante, responsável pela Baldoni Corp, empresa de produtos feitos à base de mel e derivados, o principal concorrente dos produtores envolve produtos falsificados.

“A procura pelo mel aumenta cada vez mais, nós não temos produção suficiente e aparece aqueles oportunistas que acabam produzindo uma solução à base de açúcares. É o produto oferecido na beira de estrada, na frente de estabelecimentos como bancos, Correios e outros, que as pessoas têm um carrinho e o "mel" dentro de uma garrafa, isso não pode e não tem as certificações mínimas para garantir a qualidade para os consumidores”.

Quando ocorre a escassez de alimentos na natureza para as abelhas são realizadas operações de manejo para a manutenção dos enxames. Por conta disso, durante esse período não é permitido pela legislação colher mel, de acordo com a presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), Andresa Barreta.

"O mel proveniente de abelhas, em época de alimentação, é considerado fraudado, porém, essa prática não é a mais comum, pois envolve custos e manejo. Acaba não sendo tão vantajoso ao falsificador quanto a mistura do açúcar ao mel já colhido. Várias formas podem ser utilizadas na fraude como o uso de amido, açúcar de arroz e beterraba, que é mais difícil detecção".

2. Como reconhecer um mel falso? Faça o teste

A bioquímica Ana Horta, responsável pelas análises de qualidade de mel da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), explica que devido às diferentes características dos méis e da diversidade de ingredientes que fabricantes desonestos utilizam para adulterar os produtos, fica difícil comprovar as possíveis fraudes.

“Nenhum dos métodos caseiros poderá comprovar com 100% de certeza que o mel é verdadeiro. O mais seguro é comprar mel com selo de Serviços de Inspeção Sanitária do produto, com garantia de que o seu produto não é falsificado”, explica.

Apesar de não ser um teste totalmente eficaz, uma das formas mais simples e que tem sido bastante utilizada é o teste feito com iodo, que consiste em misturar o mel com água e pingar algumas gotas de iodo, que pode ser comprado na farmácia (veja abaixo). Neste caso, o iodo reage na presença de amido e dextrinas (categoria de carboidrato e gomas naturais, que podem ser levemente amareladas), dando uma coloração mais aproximada do roxo ou azul.

Como saber se o mel é falso?

Luisa Blanco / g1

3. O que verificar na hora da compra

Adulteração de mel

Elcio Horiuchi / g1

4. Quais são as punições para quem falsifica

Os estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) em que houver suspeita ou evidência de que um produto represente risco podem ser apreendidos, ter a suspensão provisória do processo de fabricação ou de suas etapas, coleta de amostras para realização de análises.

Em casos de irregularidades, as punições previstas são: advertência, multa, apreensão e condenação de produtos, suspensão de atividades, interdição e cassação do registro do estabelecimento.

5. Como denunciar

Caso o produto seja de estabelecimento sob inspeção municipal ou estadual, ou quando não houver informações sobre o fabricante, a recomendação é registrar a ocorrência junto à Vigilância Sanitária do município ou do estado em que o produto foi adquirido.

Os consumidores também podem registrar denúncias junto à Ouvidoria do MAPA. As ocorrências podem ser feitas por meio do WhatsApp: (61) 99696-1912, email do órgão que é [email protected], ou pelo telefone (61) 3218-2089.

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