Economia

Fernández, da Argentina, e Lacalle Pou, do Uruguai, se desentendem em encontro de líderes do Mercosul

Por Portal NC

06/12/2022 às 17:50:20 - Atualizado há
O argentino disse ao uruguaio que o país dele está descumprindo as regras do bloco, e que isso implica um rompimento com os outros três países que compõe o Mercosul (Argentina, Brasil e Paraguai).

Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, durante entrevista coletiva

Divulgação/Presidência do Uruguai/Via AFP

Alberto Fernández, presidente da Argentina, e Luis Lacalle Pou, do Uruguai, se desentenderam durante um encontro de líderes de países do Mercosul nesta terça-feira (6).

O argentino disse ao uruguaio que o país dele está descumprindo as regras do bloco, e que isso implica um rompimento com os outros três países que compõe o Mercosul (Argentina, Brasil e Paraguai).

Falando diretamente a Lacalle Pou, Fernández afirmou: "Você diz 'ninguém quer romper', mas, quando as regras em uma sociedade não são cumpridas, alguém está rompendo". "Talvez seja preciso mudar as regras, [mas] enquanto não houver mudanças, temos que respeitá-las", disse ele.

Fernández, que assumiu a presidência rotativa do bloco pelos próximos seis meses, afirmou que "a globalização já não funciona como funcionava antes" e "que o mundo está considerando hoje coisas muito diferentes do livre comércio".

Reunião do Mercosul acaba em discussão entre presidentes da Argentina e do Uruguai

O contexto: Uruguai negocia um acordo comercial sozinho

O Uruguai está em negociações avançadas de um Tratado de Livre Comércio com a China e pediu a adesão de seu país ao Acordo Transpacífico, apesar das críticas de seus parceiros regionais.

O governo de Lacalle Pou sempre disse que tinha planos para negociar, inclusive de forma unilateral, acordos comerciais com países de fora do Mercosul.

"Tenho certeza de que ninguém pegou um avião para vir ao nosso país para buscar mais conflito", disse Lacalle Pou.

Ele afirmou que seria melhor se os quatro países do Mercosul negociassem com terceiros em grupo, mas que ele "não está disposto a permanecer quieto" —ou seja, ele vai assinar acordos fora do bloco e vai tentar impulsionar a adesão dos outros países do Mercosul aos termos dos acordos.

Para Argentina, Brasil e Paraguai, falta anuência

Na semana passada, Buenos Aires, Brasília e Assunção emitiram um comunicado conjunto para advertir Montevidéu sobre "eventuais medidas" jurídicas e comerciais por seu pedido de adesão ao Tratado Integral e Progressista de Associação Transpacífico.

Os três países entendem que o regulamento interno do bloco supõe que qualquer tratado com países de fora do Mercosul requer a anuência de todos os integrantes do mercado comum. E romper essa regra coloca em perigo o futuro do processo.

Lacalle Pou pediu que fosse retirada da mesa a ideia de "ruptura" do Mercosul, uma palavra que foi utilizada na segunda pelo chanceler argentino, Santiago Cafiero, por conta da postura uruguaia.

"Não se trata de ruptura. É preciso tirar isso do imaginário coletivo. Trata-se de resolver tensões", enfatizou o presidente anfitrião.

Foi então que Alberto Fernández respondeu a Lacalle Pou, dizendo que romper as regras do Mercosul implica uma ruptura.

A cúpula aconteceu em Montevidéu. O presidente Jair Bolsonaro faltou pela segunda vez consecutiva à reunião semestral de chefes de Estado.
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