Economia

Em 2023 o dólar sobe ou desce?

Por Portal NC

19/01/2023 às 16:20:20 - Atualizado há
Idean Alves, sócio e chefe da Mesa de Operações da Ação Brasil Investimentos, analisa possíveis comportamentos da moeda americana. Inteligência Financeira

Divulgação

2023 é marcado por uma nova gestão presidencial, assim novas políticas em todas as áreas começam a se desenhar. A soma dessas ações, ao longo do tempo, é que revelará a personalidade do novo governo. E essa “marca” afeta hoje e continuará afetando a economia. Nesse cenário, qual será o comportamento do dólar frente ao real?

Para analisar as possibilidades, entrevistamos Idean Alves, sócio e chefe da Mesa de Operações da Ação Brasil Investimentos, e o resultado desse bate-papo você confere agora.

1. O período pós-eleitoral é marcado por muita volatilidade na economia, incluindo a cotação do dólar. Quando essa oscilação deve diminuir e por quê?

A oscilação do dólar deve diminuir por conta dos fatores domésticos, em especial aos ligados à política econômica do governo, quando tivermos mais previsibilidade no mercado sobre quais serão as diretrizes para o crescimento do Brasil nos próximos 4 anos. Hoje, nos perguntamos: haverá muito endividamento público, Estado mais forte, aumento do risco-país, inflação e juros? Ou uma política mais pró-mercado, liberal e focada na melhora do ambiente de negócios – o que até agora não parece ser o cenário-base? Tudo isso impacta a cotação do dólar no curto prazo e deve continuar, caso a visibilidade fornecida pelo governo seja baixa.

2. Por que a cotação do dólar varia de acordo com as projeções econômicas brasileiras?

Porque representa uma maior ou menor saída da moeda estrangeira, dependendo das condições econômicas do momento. Ou seja, se estão mais propícias para negócios, com o mercado barato e/ou atrativo. Tudo isso ajuda a atrair ou afastar o dólar do Brasil e é, querendo ou não, uma forma de medir a confiança e a percepção de risco do investidor estrangeiro ao investir aqui. É por isso que projeções econômicas favoráveis ajudam a atrair dólar e, consequentemente, investimentos para o Brasil: pelo aumento da percepção de segurança de que haverá retorno sobre o capital investido.

3. Que outros fatores da macroeconomia afetam o valor da moeda americana?

O dólar é literalmente um termômetro do fluxo do dinheiro global. Então, além dos fatores domésticos, existe a influência da evolução das taxas de juros pelo mundo, em especial das economias desenvolvidas, como as do EUA e da Europa. Há também a avaliação do investidor estrangeiro, que analisa se a relação risco-retorno de investir na renda fixa no Brasil – o chamado prêmio – é realmente atrativa, ou se é melhor ganhar menos, tendo maior segurança sobre o capital.

Além disso, o investidor estrangeiro avalia se o mercado brasileiro está "barato" ou não, se faz sentido investir no Brasil ou em outra economia. Isso vale para as ações listadas nas Bolsas de Valores, bem como para oportunidades na economia real. O investidor tenta fazer uma arbitragem entre moedas, assim como usa o câmbio como uma forma de precificar a economia do país como um todo. Esse conjunto é o que determina a atração ou a fuga de capital.

4. Como as sinalizações da nova equipe econômica podem mexer nesse indicador?

Quanto mais instabilidade, insegurança e falta de previsibilidade a nova equipe econômica passar para o mercado, pior é para a cotação do dólar, que em razão do aumento da percepção de risco do Brasil, acaba por aumentar a fuga de capital e a depreciar o dólar. Por isso que uma comunicação assertiva é fundamental para reduzir a volatilidade sobre o dólar, que não fica indiferente a cada novo comunicado.

5. Por que a ancoragem fiscal é tão importante para definir se a moeda sobe ou desce?

Porque ela aumenta a previsibilidade da política econômica e das tomadas de decisões do governo, que precisa operar dentro da "caixinha", e é tudo o que o mercado busca: segurança e um horizonte de investimentos confiável. Não faz sentido o investidor alocar capital em um país que pode mudar tudo com uma canetada ou com uma mudança política.

6. Considerando o cenário atual, quais são as suas projeções para o dólar?

A projeção do mercado é de que o dólar continue sendo negociado perto de R$ 5,20 como cenário-base, R$ 4,70 sob uma avaliação mais otimista, e em torno de R$ 6, caso o cenário estresse drasticamente. A diferença é de praticamente 10% para cima ou para baixo, que parece pouco, mas para quem opera milhões, acaba sendo a diferença entre o lucro e o prejuízo.

7. Com o dólar em baixa, que setores da economia brasileira se beneficiam e quais deles são prejudicados?

Com o dólar em baixa, as empresas exportadoras são prejudicadas porque parte da receita está atrelada à moeda americana, e com o dólar menor, elas vendem o mesmo e ganham menos, como no caso das commodities, minério de ferro, soja e carne, por exemplo.

Na ponta contrária, empresas que dependem da importação de insumos e de maquinário para a produção, acabam comprando com "desconto", tendo assim um melhor resultado financeiro e operacional.

8. O que o Brasil precisa fazer para alcançar patamares mais baixos de cotação do dólar?

O Brasil precisa de um regime fiscal mais restritivo e que permita uma maior flexibilidade cambial, sem pressão vendedora sobre o câmbio. Além disso, precisa melhorar a atração de novos investimentos para o Brasil, seja via Bolsa de Valores ou via economia real.

9. Novas políticas governamentais podem favorecer a valorização do real frente ao dólar?

Sim, um fiscal mais ajustado por si só já ajudaria na valorização do real frente ao dólar. Além disso, uma política econômica que favoreça a geração de emprego, renda, aumento do PIB e melhore a atração de novos investimentos também contribui para a valorização da nossa moeda.

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