Economia

Lula critica FMI e diz que Brasil fez 'tudo que podia fazer' para mediar dívida externa da Argentina

Argentina fechou acordo com FMI na sexta para renegociar dívida bilionária.

Por Portal NC

02/08/2023 às 14:21:20 - Atualizado há
Argentina fechou acordo com FMI na sexta para renegociar dívida bilionária. Lula disse que entidade deveria ter 'um pouco de paciência', mas evitou comentar disputa presidencial argentina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (2) a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) na gestão da dívida externa da Argentina. O atual presidente argentino, Alberto Fernández, é aliado de Lula.

"Eu às vezes fico preocupado de saber como é que um país tão importante como a Argentina, um país que já foi a quinta economia do mundo, chega na situação econômica na qual está hoje. Tudo isso muito em função de uma dívida contraída por um outro governo e que ficou para o atual governo pagar essa dívida aí", afirmou Lula a correspondentes estrangeiros durante café da manhã no Palácio do Planalto.

O presidente brasileiro afirmou também que o FMI deveria levar em conta os danos causados à economia argentina pela grave seca que atingiu o país no começo do ano.

"E o FMI, para você ter ideia, o FMI deveria ter um pouco de paciência. [...] A Argentina deixou de vender alguns bilhões de dólares. E o FMI poderia levar em conta e não ficar com a espada em cima da cabeça do presidente da Argentina, declarou.

Na entrevista, Lula também:

defendeu Argentina, Emirados e Arábia Saudita no Brics e criticou G7;

disse que o Banco Central deveria ter reduzido juros 'três reuniões atrás';

afirmou que Putin e Zelensky tentam 'ganhar a guerra' enquanto 'pessoas estão morrendo'.

Lula disse ainda que fez "tudo o que podia fazer" para ajudar a Argentina na gestão da dívida externo, incluindo conversar com bancos regionais e com o Banco do Brics, hoje comandado pela ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff.

"Sinceramente, tudo que eu podia fazer de esforço, de contato, de telefonema, de reunião para tentar ajudar a Argentina, eu... Desde ligar para o [presidente da China] Xi Jinping, desde conversar com banco, desde Dilma ajudar. Tentamos fazer o que era possível dentro do marco legal que existe hoje nas instituições financeiras. Porque as regras foram estabelecidas há muito tempo e é preciso que a gente mude determinadas regras", disse Lula.

Na segunda (31), a Argentina anunciou que pagaria um vencimento de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 12,7 bilhões, na cotação atual) ao Fundo Monetário Internacional (FMI) com iuanes, a moeda chinesa, e um empréstimo-ponte do banco de desenvolvimento da América Latina (CAF).

Na sexta (28), o FMI chegou a um acordo com a Argentina sobre a quinta e sexta revisões do acordo de US$ 44 bilhões (em torno de R$ 208 bilhões), em 2018 – o que permitirá o novo empréstimo, mas apenas na segunda quinzena de agosto, após a aprovação do conselho de administração do FMI.

Na Argentina, a moeda local despencou diante de medidas anunciadas pelo governo

Lula evita comentar eleição argentina

Toda essa gestão da dívida externa argentina tem impacto direto nas eleições presidenciais do país, previstas para outubro. O ministro da Economia, Sergio Massa, é pré-candidato como sucessor de Fernández.

Questionado sobre as eleições, Lula disse que prefere "silenciar" sobre a disputa e torce para que "vença a democracia".

"Sobre a eleição eu prefiro me silenciar. Eu penso o seguinte: o Brasil é um país que não quer crescer sozinho. Queremos crescer com nossos vizinhos crescendo conosco. Eu fico pedindo a Deus que a democracia prevaleça na Argentina. Que vença a democracia", declarou.

Em 2019, Bolsonaro atacou ativamente o então candidato Alberto Fernández e disse defender a reeleição de Maurício Macri, que acabou derrotado em primeiro turno.
Comunicar erro
Portal NC

© 2024 Portal NC - Todos os direitos reservados.

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Portal NC