Economia

Presidente do BC publica carta com os motivos que levaram a inflação a estourar o teto da meta pelo segundo ano seguido

Por Portal NC

10/01/2023 às 19:01:22 - Atualizado há
Inflação encerrou o ano passado em 5,79%, acima do teto da meta pelo segundo ano seguido, o que obrigou o presidente do BC a publicar uma carta aberta com as justificativas. Inflação fecha 2022 em 5,79% e estoura meta do BC pelo segundo ano seguido

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, publicou nesta terça-feira (10) carta aberta encaminhada ao ministro da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), Fernando Haddad, na qual explica os fatores que levaram a inflação a terminar o ano de 2022 em 5,79%.

O percentual ficou acima do centro da meta de inflação e acima do teto da meta, ambos definidos pelo CMN. Para 2022, a meta de inflação era de 3,5%, com teto (limite máximo permitido) de 5%.

Foi o segundo ano seguido em que a inflação registrada no país estourou o teto da meta, obrigando o presidente do BC a publicar uma carta aberta com as justificativas.

Em 2021, a inflação terminou o ano em 10,06% – bem acima do teto da meta, que era de 5,25%. À época, Campos Neto atribuiu a escalada de preços à disparada das commodities e à falta de insumos.

Para 2023, o centro da meta de inflação é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, será formalmente cumprida se ficar entre 1,75% (piso) e 4,75% (teto).

Motivos

Neste ano, Campos Neto afirmou na carta encaminha a Haddad que os principais fatores que levaram a inflação em 2022 a ultrapassar o centro e o teto da meta foram:

efeito de inércia da inflação do ano anterior;

elevação dos preços de commodities, em especial do petróleo;

desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos;

choques em preços de alimentação, resultantes de questões climáticas; e

retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo declínio da quantidade de casos de Covid-19 e consequente aumento da mobilidade.

Campos Neto escreveu, ainda, que vários fatores agiram no sentido contrário, ou seja, evitando que o estouro da meta fosse ainda maior. Foram eles:

redução na tributação sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações;

comportamento da bandeira de energia elétrica, que passou de escassez hídrica para bandeira verde ao longo do ano passado; e

melhora do câmbio.

Como funciona

O Banco Central tem que perseguir uma meta para o resultado anual da inflação. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com um intervalo de tolerância para mais ou para menos.

O principal instrumento utilizado pelo BC para tentar cumprir a meta de inflação é a taxa básica de juros, a Selic. Normalmente, o BC sobe os juros para conter o aumento de preços.

Quando a inflação termina acima ou abaixo dos limites de tolerância, o presidente do Banco Central é obrigado a encaminhar carta aberta ao presidente do CMN com os motivos e dizendo o que pretende fazer para levar a inflação do próximo ano para a meta.

Sétima carta

No ano passado, Campos Neto disse em carta a Guedes que inflação de 2 dígitos é culpa de fenômeno global

A carta de Campos Neto divulgada nesta terça é a sétima escrita por um presidente do Banco Central brasileiro.

A mais recente foi escrita no ano passado, por ele mesmo, porque a inflação a terminou o ano de 2021 em 10,06%, quase o dobro do teto da meta.

Antes, a carta mais recente tinha sido escrita pelo seu antecessor Ilan Goldfajn, em janeiro de 2018, referente à inflação de 2017, que ficou abaixo do piso do sistema de metas.
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